sábado, 7 de maio de 2011

MUSA


MANOEL HERCULANO

Como você é atrevida, quase traiçoeira, uma verdadeira intrusa
Entra assim na minha vida e, de bobeira, me acolhe, me acusa
Pinta, borda, faz tricô e, faceira, pega o ponto e cruza
Linda, acorda, um amor, minha mulher rendeira, brasileira-lusa
Desmente minha mente, enriquece minha pobre rima confusa
Me aquece e depois me esquece, como as canções do Cazuza
Fico sem saber se doze é dúzia, e o que diabo é hipotenusa
E matando um leão por dia, quase matei o Leão da Danuza
Ai, como me fazem falta os conselhos do véio Zuza
Já não sei, quando se deita, se me aceita ou me recusa
Toda noite, todo dia, você me usa, abusa, se lambusa
E só porque é poesia? Só porque é minha musa?!

Nenhum comentário:

Postar um comentário